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Brasília, Brazil
Professor de Filosofia (Bacharel e Licenciado UFSC). Pós graduado em Metodologia do Ensino Interdisciplinar. Psicanalista.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Maquiavel - Concepções políticas em "O Príncipe".

O Filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) é considerado o fundador do pensamento político moderno, uma vez que desenvolveu sua filosofia política em um quadro teórico completamente diferente do que se tinha até então.
          Como vimos, no pensamento antigo a política estava relacionada com a ética e, na Idade Média, essa ideia permaneceu, acrescida de valores cristãos. Ou seja, o bom governante deveria ser um homem bom.
          Maquiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de sua época. Escreveu então a obra "O Príncipe" (1513-15), com o propósito de tratar de política tal como ela se dá na realidade, não como deveria ser. Para tanto, amparou suas teorias através da experiência real do seu tempo para fundamentar seu pensamento político.
          O Filósofo diz que o poder político serve para regular as tensões e lutas entre os grupos sociais, os quais, eram basicamente dois: o grupo dos poderosos e o povo. Ainda segundo "O príncipe", toda cidade está dividida em dois desejos opostos: o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser oprimido nem comandado. Essas lutas sempre existiram, de tal forma que seria uma ilusão buscar um bem comum para todos.
           Mas se a política não tem como objetivo o bem comum, qual seria então seu objetivo?
           Maquiavel respondeu que a política tem como objetivo a manutenção do poder do estado. E, para manter o poder o governante deve lutar com todas as armas possíveis. Isso significa que a ação política não cabe nos limites do juízo moral. Na concepção política de Maquiavel, porém, não há uma exclusão total entre ética e política, todavia a primeira deve ser entendida a partir da segunda. Para ele, as exigências da ação política implicam uma ética cujo caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos na vida privada. Não se trata de decisões morais e sim de decisões que atendem a lógica do poder.
         "Os fins justificam os meios". Para Maquiavel, na política não são os princípios morais que contam, mas os resultados. É por isso que expressou esta sua famosa frase. Desse modo, escreveu em O príncipe:
              "Nas ações de todos os homens, especialmente os príncipes, [...] os fins é que contam. Faça, pois, o príncipe tudo para alcançar e manter o poder; os meios de que se valer serão sempre julgados como honrosos e louvados por todos, porque o vulgo [o povo] atenta sempre só para as aparências e para os resultados"
           Deve-se a essa franqueza despudorada o uso pejorativo do adjetivo maquiavélico, que designa o comportamento sem moral.  
           Mas o que se deve reter do pensamento de Maquiavel é que ele inaugura um novo patamar de reflexão política, que procura compreender e descrever a política tal como se dá realmente. Seu mérito é ter compreendido que a política, se constitui em uma esfera autônoma, desvinculando-se da moral e da religião.
          Assim, no campo da política, os fins justificam os meios. No campo da moral, no entanto, não seria correto separar meios e fins, já que toda conduta deve ser julgada por seu valor intrínseco, independente do fim, e do resultado. Maquiavel se perguntava se, para um príncipe, era melhor ser amado ou ser temido... O pensador renascentista concluiu que ser temido é muito mais seguro do que ser amado. Isso porque, segundo ele, dos homens pode-se dizer que geralmente são ingratos, volúveis, dissimulados e ambiciosos.


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